Viver a paz interna tem sido a expectativa da maioria dos habitantes deste planeta, e a procura está cada vez maior. Antes de qualquer coisa, devemos considerar em qual origem nos baseamos para obter equilíbrio. Nosso olhar nem sempre busca o essencial, nos alimentamos muitas vezes da vida do outro, de programas coletivos de bem estar, baseado na necessidade do outro; buscamos copiar o que tem no jardim do outro, sem saber da real necessidade dentro de nós. Essa busca desenfreada por tudo aquilo que não parte de um olhar interno, nos adoece mais e mais. O quadro de ansiedade extrema virou moda, e para alguns até aquisição de luxo. Observo muito mais em jovens por quererem se adequar à determinados grupos. O que acontece é que se você não conhece seus potenciais, jamais reconhecerá os valores de sua alma, e com isso, viverá orquestrado por alguém e sofrerá a amargura de se sentir deslocado da própria essência. Daí vem a pergunta famosa: “quem sou eu”?
No Ayurveda, aprendemos sobre os cinco elementos (éter, ar, fogo, água e terra), que estão distribuídos nos três doshas, presentes em cada ser vivo. Ou seja, cada pessoa reúne Vata, Pitta e Kapha, mas normalmente um ou mais são predominantes na constituição. Cada um dos doshas apresenta três energias vitais: Prana, Tejas e Ojas, responsáveis pelas funções da mente e do corpo, nos mantendo saudáveis. Nutrir estes canais de energias essenciais positivas, elevando harmonicamente todas, nos mantém equilibrados e livres de doenças. A lucidez nas palavras lançadas ou a inteligência emocional aplicada nos momentos da vida, nos diz muito como anda tais energias. Um pouco agora sobre cada uma delas:
Prana – força vital básica expressada através do ar fundamental para todas as funções do corpo e da mente. Responsável pela construção de um estado superior da consciência. Uma pessoa com bom Prana está sempre pronta para os desafios da vida, e vive de maneira mais essencial, pois reconhece a própria natureza.
Tejas – energia sutil do fogo, que metaboliza impressões e pensamentos. Responsável pela construção da percepção, muito importante nesta era que vivemos, já que os julgamentos acontecem de maneira exagerada, um bom tejas, nos leva ao caminho da justa correção, tendo as conexões espirituais como alimentos da alma.
Ojas – se trata do vigor fundamental. A forma como nos alimentamos e digerimos é o que vai elevar a nossa imunidade física, mental, emocional e espiritual. Ojas precipita harmonia, calma, paz e alimenta o estado elevado da consciência. Além disso, é o poder material manifestado em todos os corpos.
Sem essas energias sutis, a mente não conseguiria realizar coisas expressivas, e elas são formadas pela essência dos nutrientes que absorvemos através de alimentos, calor e ar, e também pelas impressões que captamos por meio dos sentidos. Sutilmente, o Prana é absorvido pela comida, líquidos e a própria respiração. O sangue e o plasma são os veículos que transportam o Prana em nosso corpo. Ojas é captado pelas impressões sensoriais do paladar e olfato e tejas é a essência que absorvemos através do calor (pelo alimento e pele – luz solar) e impressões visuais.
Os desequilíbrios psicológicos vêm das condições dessas três energias. Poderíamos nos alongar bastante nesta seção da mente, mas se quiserem aprofundar, leiam Uma Visão Ayurvédica da Mente – A Cura da Consciência, Dr. David Frawley. Excelente leitura!
Esta introdução é importante para falarmos de ansiedade. Ninguém gosta de se sentir ansioso – nem mesmo de se sentir preocupado. Embora um toque de ansiedade possa ser bom para nos tirar da inércia, mas, em excesso pode ser perigoso para a saúde.
No Ayurveda, a ansiedade se dá em um agravamento do Vata dosha. Os sintomas físicos da ansiedade podem incluir: falta de ar, batimento cardíaco acelerado, tonturas, mãos suadas, frias e úmidas, tensão muscular, dores, fadiga, problemas de sono, inquietação, irritabilidade, sensação de nervosismo, preocupação excessiva, incapacidade de concentração, e muitos outros desajustes.
Então, para curar a ansiedade, precisamos equilibrar o Vata. Mas, como?
Alguns comportamentos do dia a dia podem desequilibrar esse dosha, como: fazer coisas muito tarde, ter horários irregulares, ambientes frios e ventosos, excesso de trabalho e dieta inadequada. Se você costuma se sentir ansioso, considere incluir hábitos diferentes desses citados e veja se conseguiu pacificar o agravamento. Siga uma rotina rigorosa comendo, dormindo, trabalhando e se exercitando no mesmo horário todos os dias (exercícios lentos e metódicos, como caminhar ou nadar, acalmarão seu nervosismo). E, faça uma massagem diária com óleo para te trazer de volta à realidade.
Você também pode incrementar com:
UM BANHO RELAXANTE
Após o banho, de preferência bem quentinho, despeje da cabeça aos pés, um banho de Manjericão. Para 1 litro de água fervente, 1 punhadinho da sua mão de Manjericão. Deixe descansando tampado por 30 minutos; coe e pronto. Ah! Se você tiver vasos ou um pedaço de terra, retorne à Ela, a erva que foi coada, como forma de gratidão e respeito pelo ciclo da vida.
LEITE DE AMÊNDOA
Misture um pouco de leite de amêndoas morno, uma pitada de gengibre e uma pequena pitada de noz-moscada e açafrão.
UMA DIETA CALMA
Escolha alimentos quentes, úmidos, levemente oleosos e pesados. Sopinhas quentinhas e Ghee para umedecer os alimentos que for consumir. Evite álcool, cafeína, chocolate, açúcar e nicotina, pois eles deixarão seu Vata nas alturas.
AROMATERAPIA
Certas fragrâncias têm um efeito calmante no Vata, como por exemplo, Manjericão, Canela, Cipreste, Bergamota e Laranja Doce.