Plantas aromáticas são fontes de riqueza no país

Hera Verde
Visualizações: 725

“Uma planta aromática sempre chama atenção para que possamos descobrir um caminho de cura.” Pedro Melillo de Magalhães

A arte de curar existe desde os antigos egípcios, gregos, romanos, gauleses e franceses que utilizavam plantas aromáticas em práticas religiosas, tratamentos de doenças e outras necessidades. Os óleos essenciais eram matérias-primas para perfumes e o seu valor estava acima do ouro e pedras preciosas.

O médico suíço Philipe Aureolus Theophrastus Bambastus von Hohenheim, Paracelso, considerado introdutor das substâncias químicas no preparo de medicamentos, utilizava plantas medicinais para patologias de seus pacientes e assim ficou conhecido como um verdadeiro farmacologista, mesmo sendo perseguido e visto como “feiticeiro” no século 16. Os povos da cultura milenar eram profundos conhecedores e sustentadores da sabedoria quanto à utilização de ervas para fins medicinais e segundo o pesquisador em biociência e biotecnologia do Instituto KVT, Instituição de Ensino, Pesquisa e Investigação Multidisciplinar, Sérgio Prancvitch (Ramy Shanaytá), eles aproveitavam as plantas verdes e secas, conheciam cada parte como, semente, raíz, caule, folha, flor e fruto.   Diversas eram as formas de preparo, in natura, em pó, fervura, fermentadas, queimadas, maceradas etc. “Este preparo era considerado uma gestação, na qual o resultado ou a substância preparada era o momento do parto”, contou o pesquisador.   Depois de todos esses anos de descobertas e perseguições, está cada vez mais em evidência a busca das pessoas por tratamentos alternativos, como a aromaterapia, cromoterapia, homeopatia entre outras e a agricultura ganhou destaque neste universo de possibilidades.  

Apesar de todo avanço tecnológico, que cria substâncias sintéticas com poderes medicinais, cerca de 60% de toda matéria-prima dos remédios encontrados nas farmácias são de origem vegetal, segundo pesquisadores. A floresta fornece muitos bens como frutos, madeiras e fibras que resultam em matéria-prima para produtos e indústria, como a farmacêutica e a de cosméticos, um deles em especial é o óleo essencial, que é extraído muitas vezes do tronco de uma árvore.   Óleo essencial   Óleo essencial é uma parte nobre da planta e dá origem a vários produtos, como foi o caso da erva baleeira (Cordia verbenacia) que, por meio de um dos métodos de extração, obteve-se um óleo com ação antiinflamatória. Este produto cultivado e fornecido pela Universidade Estadual de Campinas durante cinco anos ao laboratório Aché foi utilizado para o desenvolvimento da pomada Acheflan, indicada para dores e inflamações músculo-esqueléticas.   De acordo com Prancvitch, entender ou ler a história de uma planta exige uma vivência aprofundada de contato com a natureza. As cores, dimensões, características e habitats que uma espécie vegetal apresenta são mensagens da planta para o observador atento.   A interação dos insetos é a primeira observação. “Planta que nenhum inseto come, também não serve para humanos”, comentou o engenheiro agrônomo e vice-presidente da SBPM, Sociedade Brasileira de Plantas Medicinais, Pedro Melillo de Magalhães.   O óleo de uma planta é obtido por métodos de extração e cada variedade indica um caminho de acordo com seus princípios ativos. Por exemplo, se a ação medicinal se encontra nas folhas, utiliza-se o arraste a vapor, existente há três mil anos. O `arraste´ se faz com vapor de água e a destilação à pressão atmosférica, resultando numa separação.   Já este mesmo processo não é indicado para sementes, raízes, madeiras e algumas flores, porque devido às altas pressões e temperaturas empregadas, as moléculas aromáticas podem perder seus princípios ativos. Nestes casos, outros métodos são utilizados, dentre eles, enfleurage (utiliza uma placa de gordura vegetal ou animal), prensagem a frio (para frutos cítricos) e outros.   Para o gerente administrativo Marcelo Burin, da Dierberger Óleos Essenciais, empresa que há mais de um século exporta seus produtos para diversos países, os maiores consumidores de óleo essencial são primeiramente as indústrias de cosméticos, depois, alimentos e farmacêutica. O óleo de bergamota orgânico é o produto mais caro da empresa, US$ 200 o quilo e é muito utilizado como calmante em situações de estresse, além de outros benefícios.   Produção sustentável   O Brasil é o único produtor de pau rosa, Aniba rosaeodora Ducke, de onde é extraído o linalol natural, que é uma das matérias-primas do perfume Chanel nº 5. O vidro de 100 ml deste perfume chega a R$ 390. Esta árvore está em extinção segundo o pesquisador Nilson Borlina Maia do IAC, Instituto Agronômico de Campinas, que há 15 anos iniciou um estudo para produzir o linalol sintético com folhas de manjericão.   A árvore que cresce um milímetro de diâmetro por ano, demora em média 200 anos para produzir o óleo essencial, com 85% de linalol. A extração do produto é feita por meio da destilação, após o tronco ser triturado.   O Estado do Pará concentra a comercialização da espécie, bem como a maior concentração do pau rosa. Entretanto, a cada seis hectares dentro da floresta, enxergamos uma única árvore.   O pesquisador do IAC argumentou que: “O manjericão possui pouco linalol, mas é uma planta fácil de ser multiplicada, sem precisar derrubar uma árvore”. Apresentou esta pesquisa em 2001 no 26º Congresso da Sociedade Internacional para a Ciência da Horticultura, realizado em Toronto, no Canadá, cujo tema era: A horticultura para o prazer do homem e preservação da natureza.   Este projeto foi financiado pela FAPESP, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, e o que era pesquisa virou produto por meio da Linax (Votuporanga, responsável pela produção comercial do linalol). Com isso começaram as produções de mudas. “Destilamos toneladas de folhas para tirar centenas de quilos de óleos essenciais e depois dezenas de quilos de linalol puro. As indústrias colocaram o linalol extraído das folhas em seus produtos e os clientes não sentiram diferença”, informou Maia.   Muitas plantas possuem o linalol, nem por isso, podem substituir o pau rosa, porque além dessa substância, existem outras que na composição final de um perfume fazem toda diferença.   “Se um perfumista transformar o óleo essencial de manjericão num perfume, vai ficar com cheiro de pizza marguerita”, comentou o professor visitante da UFOPA, Universidade Federal do Oeste do Pará, Lauro Barata. Por isso, um custa US$ 40 e o outro, US$ 150, completou.   Há 10 anos, Barata também percebeu que não era mais necessário derrubar árvores para obter o óleo e que as folhas do pau rosa apresentam o mesmo rendimento que a madeira, ou seja, cada 100 quilos de folhas, um de óleo.   Por meio de uma consultoria feita a Chanel na França, Barata lançou a proposta argumentando ser um bom negócio para uma empresa preocupada com sustentabilidade, investir no cultivo desta árvore e após cinco anos, se faz a poda. Ainda não teve resposta e a mesma continua utilizando o óleo da madeira em suas fabricações.   Algumas propostas que visam sustentabilidade já foram lançadas, enquanto isso, o Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais,  estabeleceu várias regras de extração no Brasil, uma delas é que só pode explorar a árvore com 25 centímetros de diâmetro, significa uma idade de 25 anos, e outra é que as matrizes produzindo frutos e sementes não podem ser cortadas.   Segundo o professor, no meio de tanta riqueza, das 1250 espécies aromáticas registradas, publicadas e extraídas da Amazônia, apenas quatro são comercializadas, o pau rosa (indústria de perfume), a copaíba (antiinflamatório e cicatrizante), o breu (dores reumáticas e musculares) e o cumaru (tônico cardíaco). As propriedades citadas de cada uma das plantas são apenas algumas das muitas já investigadas e aplicadas em diversos fins.   Saúde comprovada   “Quem diria que ensinamentos tão antigos da humanidade fariam tantos efeitos e seriam tão necessários na atualidade. Entender o calendário natural manifestado pela natureza que transcende o calendário padrão, cuidar de si, nutrir sua saúde física e mental, buscar ferramentas naturais e menos agressivas para produzir um estado saudável. Estes ensinamentos ligam a prática de tratamentos naturais com uma revolução interna capaz de modificar padrões rígidos da consciência de quem deixou de perceber que é extensão da natureza e por sua vez acaba perdendo muito tempo da vida tentando realizar o seu intimo reencontro” – Sérgio Prancvitch (Ramy Shanaytá).   Um artigo publicado na Sciense Direct pela microbióloga e pesquisadora Maria Cristina Duarte, divulgou a ação de óleos essenciais de plantas medicinais brasileiras, na Escherichia coli, que é uma bactéria causadora da infecção urinária, encontrada no intestino grosso. As atividades antibacterianas da Cymbopogon martinii, conhecida popularmente como capim-limão, mostrou-se eficaz nesta patologia.    “Uma planta aromática sempre chama atenção para que possamos descobrir um caminho de cura”, comentou Magalhães, que está desenvolvendo um remédio para malária.   O trabalho consiste em deixar o princípio ativo da planta mais forte e assim abrir mão do medicamento tradicional. Para ele, a planta sempre pode ser melhorada e a pesquisa financiada pelo governo está apenas no começo.   O processo de pesquisa demanda tempo. Um projeto dura em média dois anos e muitas vezes institutos contam com a ajuda da FAPESP. Em uma parte do espaço experimental de 38 hectares do CPQBA, Centro Pluridisciplinar de Pesquisa Química e Agrícola, da Universidade de Campinas, a artemísia – anti-malárico é cultivada.   “Este remédio em especial (anti-malárico) já é conhecido. O Brasil importa e a gente mostrou que é possível plantar, colher, extrair, isolar e chegar ao final por aqui, só que, fazemos a pesquisa e quem vai produzir? Essa cadeia que é difícil conciliar”, contou a pesquisadora da divisão de Agrotecnologia do CPQBA e curadora do CPMA, Coleção de Plantas Medicinais e Aromáticas, Glyn Mara Figueira.   As pesquisas científicas se baseiam muito em informações populares. Foi o caso da erva baleeira, que já era utilizada e isso chamou a atenção de pesquisadores. “O que será que tem lá dentro e onde está isso?” – É a pergunta que nunca quer calar. “Está no óleo ou em outra parte?” O óleo é o primeiro suspeito, se a planta é aromática, então a ação medicinal possivelmente estará lá, comentou Magalhães.   A naturopata (medicina natural) e acupunturista Claudia Defendi utiliza óleos essenciais em aromatizadores de ambientes e compressas quando necessário. Por meio das moléculas voláteis (óleo), os princípios ativos possuem efeito farmacológico, fisiológico e psicológico na pessoa em tratamento.   Os óleos essenciais fazem dois caminhos: vias respiratórias, atingindo o sistema límbico (registra o aroma), áreas cerebrais e todo o organismo, e pela pele ao ser absorvido, passa para a corrente sanguínea e faz toda a distribuição desses princípios: “Num caso de psoríase (doença de pele genética auto-imune), utilizei o óleo de lavanda que trabalhou questões emocionais e como calmante, num prazo de dois meses, diminuiu muito”, contou Claudia.   “O óleo de lavanda ficou conhecido como potente anti-séptico usado na Primeira Guerra Mundial”, lembrou Prancvitch.   Segundo ele, as massagens feitas com óleos essenciais é uma das práticas utilizadas para favorecer o equilíbrio. Os óleos específicos para este tipo de tratamento seguem o caminho destes fluxos energéticos produzindo uma espécie de alinhamento deste “campo mais sutil”.   Óleos essenciais de bétula e arnica são utilizados em massagens para dores, o de alfazema, trata nervosismo e ansiedade, já o de calêndula é indicado para quem tem manchas na pele ou que tenha passado por algum procedimento a laser, exemplificou a médica homeopata e bacharel em Farmácia, Maria Aparecida Paulino Pessoa.   É desaconselhável o uso puro dos óleos essenciais de uma maneira geral, podendo causar irritações por ser muito concentrado. É melhor diluir em um carreador, aquele que vai transportá-lo (água, óleo, creme, álcool etc). O de lavanda pode ser aplicado direto na pele, no caso de uma picada de inseto ou uma queimadura leve, mesmo assim precisa ser observado, orientou a naturopata.   O mercado de OE   Quando se trata de óleos essenciais no mercado, podemos dizer que fabricantes de cosméticos apreciam o rejuvenescimento celular e as propriedades embelezadoras, enquanto a indústria de perfumes se preocupa com os aromas e as farmácias com seus princípios ativos.   As plantas estão presentes na maioria dos fármacos existentes nas farmácias, até mesmo a de um anticoncepcional – cujo princípio ativo pode ser tirado da soja segundo o pesquisador do IAC.   Há 32 anos, a Farmácia de Manipulação Stevia em Santo André atua com produtos fitoterápicos, totalizando 80% de sua demanda e trabalha com mais de 30 óleos essenciais, mas em sua maioria, a utilização se dá por meio de fórmulas magistrais, que são as preparadas pelo profissional e destinadas a um paciente específico.   Cada óleo tem uma ação específica e segundo o farmacêutico Hélio Takashi Kozima, a ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, não exige receituário médico e a procura vem de um público mais esclarecido e até profissionais na área da saúde.   Todo medicamento que chega numa farmácia passa por procedimentos que medem a qualidade. Com óleo essencial não é diferente. “Verificamos se a cor e a viscosidade estão adequadas e de acordo com o laudo, assim como o Ph, ponto de ebulição e fusão”, informou Kozima.   O custo de um óleo para o consumidor final varia de R$ 20 até R$ 150 como o de canela, cravo, erva cidreira, eucalipto, jasmim, rosas e muitos outros.   Há lugares que vendem essências como óleo essencial, por isso, é necessária muita atenção para não ser enganado. A essência terá efeito apenas psicológico. Por exemplo, memória negativa ou positiva sobre algum aroma, por exemplo, “um ex-namorado que usava determinado perfume e toda vez que sente este cheiro, o arquivo é acessado e trará sensações boas ou más a respeito daquele perfume”, informou a acupunturista.   De acordo com os dados disponibilizados no site do MDIC, Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em 2010 foram exportados 29.524 toneladas de óleos essenciais, 95,4 milhões de dólares e importados 549 toneladas, 12,7 milhões de dólares.   A origem de todas essas riquezas está em terras brasileiras. A forma como são extraídas as pérolas é o que fará toda diferença no futuro da humanidade.   Por Adriana Guimarães

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Leia Também

Sobre o Autor

Extração, Cura e Longevidade
A empresa tem como força os processos de extração: sejam os ativos de cada planta, que trazem cura para quem os recebe de alguma forma ou seja através dos atendimentos de Fitoterapia, Ayurveda e Astrologia Védica totalmente personalizados, que deslocam o assistido de padrões rígidos da consciência, norteando para um caminho de fluência, alegria e amor.
A Hera Verde nasceu em 2008 através de um chamado espiritual. Sua fundadora, Adriana Guimarães, jornalista e apaixonada por plantas medicinais desde criança, desenvolveu os primeiros produtos fitoterápicos observando a natureza em todas as suas formas, cores e aromas. Seu foco sempre foi o bem-estar das pessoas e começou esse processo por meio da Fitoterapia e no desenvolvimento de produtos artesanais e naturais. Cada pessoa que se conecta com os produtos Hera Verde imprime na alma um pouco desta história construída e nutre a própria jornada com novas possibilidades de existir mais plenamente.
Respeitamos tudo que é vivo e reconhecemos dentro de cada um, o universo como um todo. Entender cada comportamento, sentir o pulso, observar o olhar e perceber o que envolve cada palavra emitida, nos tornou uma história de sucesso, no quesito terapêutico e nos levou até a Ayurveda.
O envolvimento dos especialistas terapêuticos da Hera Verde com seu público, atinge os campos físicos e sutis. As terapias (presenciais ou online) envolvem: Ayurveda (consultas e práticas ayurvédicas); astrologia védica; fitoterapia; terapias sistêmicas e equilíbrio energético através das ervas.
A Hera Verde possui um espaço físico para as terapêuticas, e disponibiliza neste, produtos naturais e fitoterápicos, que são produzidos artesanalmente, entregando ao cliente, além dos benefícios terapêuticos físicos, todo o valor energético envolvido em cada processo da criação.

Menu